segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Quem tem medo do Lobo Mau?


Na revista The Economist, da semana de primeiro de setembro (é, estou um mês atrasado), a matéria de capa perguntava "Quem tem medo do Google?".
Realmente poucas empresas no mundo tiveram um crescimento exponencial de forma tão rápida quanto o Google teve. Esse crescimento deixa o Google, que tem suas ações listadas em bolsa, com um valor de mercado absurdo e - principalmente - extremamente capitalizado para comprar qualquer concorrente que possa surgir. Mas a questão não é essa, e sim a quem o Google está incomodando? Com o crescente número de buscas de conteúdo através da máquina Google as redes de televisão, os editores, os donos de jornais e todos os demais provedores de conteúdo estão irritados porque - segundo eles - o Google ganha dinheiro com anúncios em cima da busca do conteúdo que não é dele.
Agora, além deles, outros estão se juntando ao coro dos descontentes: Alguns políticos, alguns intelectuais e vários acadêmicos de respeito, estão questionando a lógica Google. Ou seja, o princípio da máquina Google de anúncios é de oferecer conteúdo - e anúncios obviamente - baseados no seu hábito de consumo de conteúdo, e essa é a razão de sua eficiência. Cada vez que você se loga em qualquer serviço Google (Google Earth, Gmail, Blogger, Search, etc...) o Google vai aprendendo sobre você. E ele é eficiente por isso, porque te conhece e te oferece, cada vez mais, o que você quer. A contra-partida desse aprendizado é que ele viola a sua privacidade. Ou seja, ele conhece você e tem seus dados armazenados, como nenhuma outra empresa jamais teve. E para te oferecer conteúdo adequado, necessariamente, ele tem que recorrer ao o que ele sabe sobre você.
Uma comparação feita pelo The Economist é que o Google está mais para o JP Morgan do que para a Microsoft. O que isso quer dizer? Que o princípio do sistema bancário é que de existe um "guardião" da sua vida financeira. Alguém que pega seu dinheiro e o repassa para outros intermediando essa "venda do dinheiro". O que o Google está fazendo hoje é que ele está se tornando um "guardião" das mais variadas informações da sua vida, e trocando isso por praticidade para você e resultados para os anunciantes.
Enquanto a pressão da "praticidade" oferecida gratuitamente for aceita pelos usuários, o Google vai sobreviver sozinho. Se a pressão da privacidade ultrapassar o limite aceitável pelos usuários, o Google poderá ter que abrir seu modelo de negócios. Só o tempo vai dizer se o Google é o Lobo Mau ou o Chapéuzinho vermelho.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Mídia demais, tempo de menos.



Esse gráfico acima é uma projeção, feita pela Microsoft, do número de horas por semana em que as pessoas estarão consumindo ou tendo contato com alguma forma de mídia.

Como adoro gráficos e números, vou fazer algumas contas: A nossa semana é composta por 168 horas (24 horas x 7 dias). Descontando, e aí vou ser benevolente, as horas em que estamos dormindo - pois ainda não consegui imaginar uma mídia inserida nos sonhos - isso totaliza 126 horas acordados (descontando 6 horas x 7 dias) ou 112 horas acordados (descontando 8 horas x 7 dias).

A projeção acima indica que em 2020 teremos 90 horas por semana com algum tipo de contato com pelo menos 1 tipo de mídia. Isso significa, para quem dorme pouco, 71% do nosso tempo acordado, ou para quem dorme um pouquinho mais, 80% do tempo acordado.

Nesse cenário começo a imaginar algumas coisas:

1 - Vamos nos tornar cada vez mais insensíveis à apelos externos. Natural, assim como acontece com qualquer coisa por demais banalizada, como a violência que nos torna menos sensíveis à observação da natureza;
2 - O uso demasiado de determinada mídia por alguma marca poderá ter o efeito contrário ao desejado. O que estou querendo dizer: A exposição demasiada poderá "irritar" o seu consumidor, uma vez que ele estará sendo bombardeado o tempo inteiro;
3 - A entrega de mídia necessariamente vai ter que servir a dois propósitos - a) informar e prestar algum serviço ou - b) entreter o consumidor;
4 - Sairá na frente quem tiver conteúdo do interesse do target, embora até hoje a maior parte das propostas de branded content nem sempre tenham conseguido algum sucesso;
5 - A criatividade e o engajamento dos consumidores será o maior diferencial de qualquer marca. Usando um pouquinho de catequese, ou transformamos nossos clientes em seguidores da nossa "religião" ou iremos perder espaço. O negativo disso tudo - Teremos cada vez mais consumidores radicais, e a exemplo do vemos nas religiões, podemos ter o radicalismo das marcas.

Se você tem alguma opinião sobre isso, escreva seu comentário.