quinta-feira, 14 de junho de 2007

O que aprendi de planejamento saltando de pára-quedas




Em muitas ocasiões da nossa vida a gente recorre a analogias para tentar entender um pouco mais sobre a nossa maneira de pensar e agir. Outro dia estive pensando no quanto o meu treinamento e a minha prática no pára-quedismo, esporte praticado por hobby, interferiram no meu desempenho profissional na área de marketing e comunicação. Para minha surpresa, muitas foram essas interferências no meu trabalho e muitas são as relações que pude traçar. Essas experiências são reais e servem de exemplo atual no que tange ao planejamento de comunicação. Vale listá-las:

· Coletar e analisar as informações:
Uma das coisas mais importantes em um salto, é você saber antecipadamente as condições climáticas, de vento, o local do pouso e o local do salto. Sempre, antes de um salto, você deve checar o local aonde você deseja aterrisar. Se esse local é livre, se tem árvores, casas, ou obstáculos que possam mudar de posição (animais, carros, etc.). Checamos também velocidade e direção do vento de solo. Além disso, após confirmadas todas as condições em terra, os pará-quedistas lançam uma sonda do avião que vai indicar como estão as condições de vento na altitude que ele for saltar. Quando essas informações são coletadas elas são analisadas e indicarão de onde você deve sair e o que você deve fazer para chegar no seu destino. Assim também acontece no planejamento de comunicação. Você deve antecipar quais serão as condições que você terá para comunicar. Analisar todas as informações e traçar o seu caminho.

· Aprender com os erros:

É comum para os pára-quedistas acompanharem os saltos de outras pessoas. Uma semana antes do meu primeiro salto fui assistir uma bateria de pára-quedistas mais experientes saltarem. Nesse dia, coincidiu de um deles ficar pendurado como um pêndulo no telhado de uma casa de dois andares. Foi bom eu ter assistido aquilo antes. Por incrível que pareça esse fato não me amedrontou (embora eu ainda não tivesse saltado). Eu aprendi o que o outro pára-quedista errou e me tranquilizou já conhecer aquela situação e como proceder. No planejamento você também não elimina o erro, você aprende e não os repete.

· Conhecer o seu objetivo:
O importante em um salto é você saber claramente o que você deseja fazer. É um salto acrobático, um salto de precisão (aterrisar corretamente aonde você queria) ou um salto de velocidade? Conhecendo seu objetivo, você pode usar as condições que analisou para prever o que será favorável e o que será desfavorável para atingir o seu objetivo. No Planejamento de comunicação é a mesma coisa. Muitas das vezes as pessoas não sabem claramente o que querem ao comunicar. É aumento de vendas, conhecimento de marca ou criar empatia com o consumidor?

· Conhecer os seus limites:
Em um dos meus saltos eu tive um tímpano perfurado. Na verdade eu saltei gripado e muito congestionado e a pressão interna provocada pela congestão, aliada a pressão do salto fizeram com que a membrana timpânica não resistisse. Em um planejamento de comunicação não adianta tentarmos gerar uma demanda cuja a capacidade de produção ou de distribuição da empresa não suporte. É importante o correto dimensionamento do que eu vou poder oferecer para eu poder comunicar.

· Conhecer o timming das ações:
Um segundo em queda livre é completamente diferente de um segundo no solo, ou de um segundo com o pára-quedas aberto. São tempos iguais na fração, mas diferentes na percepção. Uma resposta de 24 horas pode parecer uma coisa ágil para a empresa, mas uma eternidade para um consumidor enfurecido. Por isso é importante que se conheça a dimensão do tempo no âmbito da percepção quando falamos de planejamento de comunicação.

· Tomar decisões sob pressão:
Em um salto todas as decisões são tomadas sob pressão. Pressão psicológica, pressão do tempo, pressão do desempenho. Às vezes não podemos contar com todas as informações que precisamos. Talvez até tenhamos mais informações do que realmente necessitamos. Isso cria uma inoperância na tomada de decisão, seja pelo excesso ou pela falta de informação. A partir do momento que você trabalha em uma situação limite, você tem que estar preparado para agir, seja para descartar aquilo que você considera inútil no momento ou para não esperar mais por aquilo que não ia fazer tanta falta. Em alguns momentos o “ótimo é inimigo do bom”.

· Ter sempre um plano de emergência pronto:
Ninguém salta contando que o pára-quedas não abra. Mas e se não abrir? Planejar contando com várias hipóteses não deixa ninguém desprevenido no caso de uma situação não ter acontecido conforme o plano original. Saber que procedimentos adotar caso alguma coisa falhe é prudente. Prudência que também deve constar em um planejamento. Infelizmente um salto não é composto de 99% das coisas que podem dar certo. Ele é composto do 1% que pode dar errado. E esse erro pode ser fatal.

· Ter confiança na equipe:
Em pára-quedismo, principalmente em grupos iniciantes, é normal que um pára-quedas seja dobrado (preparado) por uma outra pessoa que não é quem vai usá-lo. O grau de responsabilidade e de confiança têm que ser muito elevados. Primeiro por quem dobrou, pois imagine o tamanho da culpa em saber que você foi o responsável por um acidente que na maioria das vezes é fatal. Depois de quem usa o equipamento, pois tem a certeza de que tudo vai funcionar sem ele ter acompanhado o trabalho prévio de preparo.
Assim também deve ser o trabalho de um planejador, pois ele funciona como uma colher de pau na sopa, fazendo com que todos os ingredientes de comunicação funcionem sinergicamente com a menor possibilidade de erros. Seja no desenvolvimento criativo, seja na elaboração da mídia e inclusive nas ações de Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e Below-the-line.

· Saber assumir riscos:
Efetivamente, o que considero mais importante na minha formação, que veio do pára-quedismo é domar o medo em situações de alto risco. O risco quando dimensionado e planejado é muito menor do que sem esse prévio preparo. Planejar é diminuir o risco para que você possa assumi-lo. Não existem planos com risco zero, porém existem planos que são bem elaborados que diminuem o risco a uma remota possibilidade que você também tem conhecimento.

4 comentários:

Maria Beltrana disse...

Eu acho que já conheço essa história aí... hehehehehehe

Pelo menos, de novo, tem a foto ilustrando! rs boaaa hein!

Tá ficando show seu blog aqui Marcio. Já até favoritei. Até pq vai me ser mto útil na minha mono rsrsrsrs

Bjsss

MissMoura disse...

Nossa, eu me lembro dessa aula hein...
Me formei em dezembro do ano passado, comecei a Pós em Mídias Digitais e você ainda com o único 10 que eu tirei com cálculos... Eu queria emoldurar!!! rsrsrsrs.
Pode contar que o blog estará na minha listinha de favoritos. Hoje, colaboro, junto com outros alunos da Estácio, no ppgmkt.blogspot.com

Beijocas da sua eterna aluna;
Paty Moura.

Unknown disse...

Essa aqui foi muito boa mesmo!
Não sei bem pq mas eu já sabia de cor o "próximo passo"...
Isso é um bom sinal né?!

Sinal que assisti e assimilei essa aula! rs Tb me pode ser útil quando começarem meus saltos de pára-quedas!

Bem.. estarei acompanhando seu blog Márcio!
Valeu a iniciativa!
:)

Bjs

Lúcia Mazoni Msc, PMP disse...

Professor Márcio
Fui seu aluno de propaganda e marketing na Estácio no ano de 98. Hoje estou trabalhando na direção de pós-graduação.
Fechamos um MBA em Gerenciamento de Projetos, e estamos buscando um professor 10 em Planejamento Estratégico.
Sem dúvida você é o cara.
Preciso falar com você urgente.
ABs
Alexandre Couto